12 março 2009

Se calhar estou-me a repetir...

Neste momento as criaturas viventes deste Portugal contemporâneo acreditam que alguém fará o que é certo, muito frequentemente esse alguém faz parte de um grupo de iluminados, de quem nem sequer gostamos, mas a quem atribuimos a responsabilidade de fazer tudo.

Ao acreditar nisto estamos a desresponsabilizar-nos e a não fazer sequer algumas pequenas coisas que, ao serem feitas por todos poderiam tornar o nosso país um sítio muito mais interessante para viver. Refiro-me a coisas que vão desde ajudar alguém que está a ser assaltado,  até ao discutir política, ou simplesmente falarmos abertamente da nossa vida com os nossos amigos. Tudo por forma a fazer-nos sentir parte de uma comunidade.

Na realidade, já há muito poucos amigos, a maior parte do nosso tempo é passado com pessoas que simplesmente querem estar alheadas da realidade, seja ela boa ou má, e que querem passar um bom bocado, ou fingir com cara de enterro que estão a passar um bom bocado. Eu também gosto de passar bons bocados, mas esses não são sempre só ir à discoteca e beber uns copos, um bom bocado pode também ser passado a falar com os nossos amigos sobre as nossas vitórias e medos. É quando nos abrimos para alguém que conseguimos criar laços fortes, mas isto acarreta riscos, que muita gente não parece querer correr.

Está toda a gente tão preocupada com os seus problemas, que parece já não ter tempo para sentir os problemas dos amigos, pior ainda, as pessoas parecem não querer contar os seus problemas para não incomodar as outras pessoas. Eu incomoda-me é que um amigo não me conte algo importante da sua vida só para não me incomodar.

Termino com dois casos reais. Custa-me realmente classificar como amigo alguém, de quem eu gosto bastante e com quem contacto diariamente, mas que soube estar separada do companheiro um ano depois da separação ter acontecido. Custa-me também que na hora de me ir embora alguém me diga que nunca a vou visitar, quando depois de termos estado várias horas no mesmo local não tenha tentado saber nada de mim.  

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Mister, eu entendo a frustracao mas ... eu deixei de contar certas coisas a certos amigos (mais amigas, diga-se na verdade) pois em vez de empatia e apoio o que eu recebia em troca era troCa e ridicularizacao.
.
E entao a pergunta E: serao essas pessoas mesmo amigas?
.
Ja se sabe, pessoas realmente amigas, sao sempre pelos dedos. E a maioria do pessoal E zombie ... estao neste mundo e pronto. Qual o interesse em saber ou interessar-se pela realidade ... quando se pode passar o tempo todo "pedrado"?

4:11 da tarde  
Blogger AD said...

Se calhar estou-me a repetir mas...

- os amigos são para as ocasiões;
- a ocasião faz o ladrão;
- ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão;
- herrar é umano, perdoar é divino;
- Deus escreve direito por linhas tortas.

Ou seja: os comportamentos nem sempre têm uma explicação linear. One thing leads to another. E quando olhamos para trás é que nos apercebemos quão diferentes as coisas estão desde o momento em que na nossa cabeça definimos o "estado inicial".

Tentamos voltar ao início, ie, tentamo-nos repetir, mas é impossível. Não somos elásticos, somos irreversíveis.

5:26 da tarde  
Blogger AD said...

Se calhar estou a repetir-me mas...

- os amigos são para as ocasiões;
- a ocasião faz o ladrão;
- ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão;
- herrar é umano, perdoar é divino;
- Deus escreve direito por linhas tortas.

Ou seja: os comportamentos nem sempre têm uma explicação linear. One thing leads to another. E quando olhamos para trás é que nos apercebemos quão diferentes as coisas estão desde o momento em que na nossa cabeça definimos o "estado inicial".

Tentamos voltar ao início, ie, tentamo-nos repetir, mas é impossível. Não somos elásticos, somos irreversíveis.

5:27 da tarde  
Blogger AD said...

Se calhar...
:-)

5:28 da tarde  
Blogger FlorGrela Estampa said...

Resumindo, one thing leads to another e vai-se a ver e já nem nos lembramos daquilo que (ou como) queríamos ser quando fôssemos crescidos...

6:25 da tarde  

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