10 maio 2004

O velho do mar

“O velho do mar”

Sentados à beira do Mar da Esperança, homens e mulheres esperam pelo conselheiro. Um conselheiro chamado Cícero. Este era sábio e velho, tão velho, tão velho, que todos o conheciam por “velho do mar”.

O velho do mar morava numa caverna numa ilha mesmo no meio do Mar da Esperança. Este era o único habitante dessa ilha cheia de espaços verdes que nem parecia ser deste mundo. Uma lagoa azul encantava os olhos de quem a visse. Peixes grandes e pequenos nadam saltitando entre as ondas! Uma floresta tropical exibe todo o seu esplendor, enquanto o calor e a água dão uma identidade única a este lugar.

A caverna é escura e primitiva, mas no entanto humilde e o abrigo deste simples homem que foi, ao longo dos tempos, excluído pela sociedade. Horrível e húmido para uns, mas no entanto, abrigo e conforto para outros.

Vestido com uma túnica preta, um ramo que o acompanha em todos os passos pois faz de sua terceira perna (sua bengala) e barbas tão longas, tão longas que até já tocam no chão. Sabedoria e solidão caracterizam esta personagem.

Os habitantes da pequena cidade de Vindus esperam-no somente para lhe pedir conselhos, dar uns troquitos e dar-lhe desprezo total. Emoclew era o único que gostava do velho. Este levava-lhe comida à ilha, arranjava o pequeno bote sempre que ele se danificava, comprava-lhe sandálias de couro sempre que as do velho se gastavam...

“Jovem Emoclew! A sua bondade será recompensada”, dizia o velho, dois segundos antes de desaparecer pelo horizonte...

Um dia, após ter dado um conselho a uma mulher que tinha sido enganada pelo mercador de ouro da praça, o velho caíu... O que se teria passado? Uma grande quantidade de gente formou-se à volta do velho do mar, lágrimas percorriam as faces enrugadas do velho, devido à dôr sentida por este. Não a dôr física, mas sim a dôr de saber que, se ele morrer, nunca mais poderá ajudar ninguém. Então surgiu o Emoclew pelo meio de mulheres e homens de todo o tipo de género e feitio.

- Mestre, mestre, o que se passa?

- Meu fiel amigo. Por aqui me fico. Digo apenas mais uma frase: toma conta deste povo, para que a minha tarefa de vida não tenha sido em vão.

E assim acaba esta história tão triste. No entanto, espero que vos fique na cabeça este grande exemplo e que num futuro próximo venham a tornar-se seres humanos mais empáticos para com os outros, como o Velho do Mar.


Filipa, 12 anos.