À procura do Çakana?
Será que quer falar com o Professor Çakana?
Acho que o tipo merece um Manguito por procurar mangar connosco. :-)
Desde 2003. Um blogue que se reveste de alegria, de viver, de sentir. Com alguma desordem, personalidades múltiplas aqui coabitam e, a brincar, a brincar, reflectem um olhar sério sobre a realidade.
ESPAÇO VERDE VISTALEGRE
Um espaço a pensar no Ambiente. |
"Assola o país uma pulsão coloquial que põe toda a gente em estado frenético de tagarelice, numa multiplicação ansiosa de duos, trios, ensembles, coros. Desde os píncaros de Castro Laboreiro ao Ilhéu do Monchique fervem rumorejos, conversas, vozeios, brados que abafam e escamoteiam a paciência de alguns, os vagares de muitos e o bom senso de todos. O falatório é causa de inúmeros despautérios, frouxas produtividades e más-criações.
Fala-se, fala-se, fala-se, em todos os sotaques, em todos os tons e decibéis, em todos os azimutes. O país fala, fala, desunha-se a falar, e pouco do que diz tem o menor interesse. O país não tem nada a dizer, a ensinar, a comunicar. a país quer é aturdir-se. E a tagarelice é o meio de aturdimento mais à mão.
Falam os médicos, os notários, os empreiteiros, os varredores, os motoristas, os professores e toda a lista de profissões da estatística e não há corporação que fique de fora neste zunzunar do paleio, vendedores de automóveis, mediadores de seguros, sapateiros que passam a vida a cantar, empregados de mesa, agentes da autoridade, doentes dos hospitais, operadores imobiliários, empregados forenses, e também engenheiros, sem-abrigo, vagabundos, telefonistas, padeiros, patinadores, engraxadores e vândalos. Imigrantes provindos de países sombrios aprendem aqui a soltar as línguas, aderem ao velho ofício de dar à taramela, por isto e por aquilo, por tudo, nada. Passam-se dias, meses, anos, remoem as depressões, adejam os perigos e o país a falajar, falajar, falajar.
Vai agora, pelos campos, para os lados de Vila de Frades, um apicultor, numa cansada bicicleta pasteleira. Traz no exposto porta-bagagens um bidão de plástico amarelo, cheio de mel, que muito desequilibra aquele andar. Pois ainda que vagando sozinho, também faz conversa. Fala com os seus botões. Nem os solitários escapam ao afã elocutório, porque a abotoadura, desde que foi inventada, tem o condão mágico e tradicional de nutrir o paleio. E vem o apicultor a dizer baixinho, mas com convicção: «ora bem, estes vinte litros de mel distribuídos por cento e cinquenta frascos que já lá tenho lavados e que não custaram nada porque foram recolhidos nos vidrões dos supermercados, o trabalhão que isso deu, descontando dez euros para etiquetas e colas e paninhos para tampas, dá, deixa ver Eleutério (chama-se Eleutério), deixa ver... A oito euros o frasco, a bela maquia de mil cento e noventa euros. Com metade, compro sementes de quivi, que é o que está a dar, e o resto divido em duas partes, uma para comprar uma prenda para a Irina porque as namoradas em pousio desertam, a outra para comprar um jogo de matraquilhos em terceira mão que instalo na tasca do meu cunhado, rendimentos a meias». E lá segue o homem, a pedalar e a falar, por um dos trilhos deste Portugal, muito a sul. Nisto, espalha-se nos ares a melodia de Smetana, O Rio Moldávia, em notas fininhas, como vibração de fios de arame invisível, o homem remexe nos bolsos, tira um objecto brilhante, brada «Tá?» e a bicicleta andando, andando, enquanto o homem comunica, uma das mãos no guiador, a outra no Nokia.
Telefones móveis! Soturna apoquentação! Um país tagarela tem, de um momento para o outro, dez milhões de íncolas a querer saber onde é que os outros param, e a transmitir pensamentos à distância.
Afortunados ventos que batem todas as altitudes e pontos cardeais e levam as mais das palavras, às vezes frases inteiras, parágrafos, grosas delas, para as afogar no mar, embeber nos lameiros de Espanha, gelar nos confins da Sibéria, perder nas imensidades do éter. É um favor do Deus único e verdadeiro. O país pereceria num sufoco, aflito de rouquidões, atafulhado de vocábulos, envenenado de sandices, se a Providência caridosa lhos não disseminasse por desatinadas paragens. Havemos de conhecer um certo coronel Bernardes que compartilha esta opinião, tanto que é capaz de passar quatro ou cinco horas a desenvolvê-la, a bater-se por ela e a propor medidas práticas...
O apicultor da bicicleta tem agora a dita em terra, no sentido nominal e verbal, as mãos todas peganhentas e o telemóvel também. O bidão de mel quebrou os atilhos, rebolou por uma inopinada ravina e foi adulçorar as águas dum ribeiro enxameado de libelinhas agradecidas. Vira-se o homem para cima e diz-nos, por não poder estar calado: «Sendo-me a dita cruel, senhores, não me deis guerra: que todo o humano aranzel, como o meu bidão de mel, há-de dar consigo em terra.» Enfim, falar com os botões é nisto que redunda, pergunte-se a uma pastora chamada Mofina, uma leiteira chamada Pérrette e ao brâmane, chamado Svabhvakripana, proprietário dum boião de farinha, constante do livro v, conto IX, do Panchatantra.
Surge e trava ao pé do apicultor uma carrinha Renault Quatro de cor bege, muito empoeirada. Sai um jovem mal dormido, que parece interessar-se muito pela situação do apicultor e que, pelos gestos, se mostra mesmo condoído. O jovem é alto, veste calças de ganga azul, um pólo claro, cor de burro quando foge, e os cabelos, nem curtos nem compridos, foram desamigados de pente há muito tempo. É daquelas figuras que inspira simpatia e confiança a um primeiro olhar, mesmo de longe. Chama-se Emanuel Elói, é uma bondade de moço, trotamundos, e tem algum jeito e muita paciência para os seus conterrâneos. Desce ele até ao ribeiro, rebusca por lá, vira-se para fazer um aceno desconsolado, a significar irreversão. Depois volta, profere palavras amigáveis e consolatórias, ouve o desalento do outro, abre a porta de trás e com grande esforço ambos querem empurrar para lá a bicicleta. Não há espaço. Escondem a bicicleta entre as estevas.
Entra o apicultor, à boleia, a carrinha arranca, e naquele abrir de portas ficámos a saber que a bagageira vai cheia de calhaus, que um rei preto de xadrez e um cavalo branco rolam por ali esquecidos aos baldões e que um computador portátil, em pasta apropriada, jaz abandonado com mais pó em cima do que o consentido pelo bom senso. Os dois homens vão a conversar:
- Então o que é que vossemecê faz? Responde o jovem:
- Análises, medições, e coisas assim. Vai-se vivendo. - É o que é preciso."
Depois de uns excelente "A Paixão do Conde de Fróis" (1986) e "Era Bom que Trocássemos umas Ideias sobre o Assunto" vem o ainda melhor:
Fantasia para Dois Coronéis e uma Piscina, de Mário de Carvalho, 2003, Edições Caminho
PERSONALIDADES | MÚSICA |
---|---|
filipe sampaio rodrigues | ofelia montalban |
marta gulyas | ofelia montalban |
pontos fortes e fracos de cavaco silva | acordes de last christmas |
resumo da biografia da vinci | alumnos violín cátedra fundación telefónica |
adam bly | Ofelia Montalban piano |
fernando ilharco | adolfo rascon |
adam bly | metodos para piano |
Beckham extroversion | daniel lorenzo viola |
biografia de kolher | pf "Johannes Brahms" definition |
Sofia, Rosseau | orquesta filarmonica portuguesa da gulbenkian |
fernando ilharco vertigem | teresa valente violoncelo |
delta willis | conservatorio superior de musica de salamanca |
DANÇA | sonatas+armando+josé+fernandes |
joven ballet de la camara de madrid 2004 | escuela superior reina sofia, d'orazio panisello |
fotografias sobre o Ballet Gulbenkian | Violoncelo canhoto |
aulas de sapateado a começar em fevereiro- em portugal | Denis Kozukhin |
ballet gulbenkian danças ocultas | violin masterclass.com |
Danças Ocultas white gulbenkian | biografia de ofelia montalban |
danças Ocultas | schumman download op 12 music |
Danças Ocultas | santander escuela reina sofia |
Danças Ocultas | pequeña biografia d isaac albeniz |
romeu runa | gulbenkian 2004 masterclass |
romeu runa | os instrumentos duma orquesta |
ARTE CONTEMPORÂNEA | www.orquesta académica de madrid.com |
bill viola and five angels | fabian panisello berio |
five angels for the millenium | ofelia montalban |
Bill Viola five angels for the millenium | musicos de orquesta portugueses |
bill viola drowned | acordeonistas portugueses |
Tate Modern - 5 angels of the millenium | Concurso revelação musica -br |
Bill Viola Five Angels of the Millenium | teresa valente pereira violoncelo |
viola five angels for the millenium | orquesta camara oeiras cascais |
five angels viola reviews tate modern | natália gutman |
sonho, bill viola | "adriana de vecchi" |
bill viola five angels for the millenium | |
bill viola five angels for the millenium 2001 |
Top de Buscas do Blogue Vistalegre | |
---|---|
Vistalegre | 23 indivíduos |
Axiologia e/ou Teoria e/ou Etica e/ou Raciocinio e/ou Conhecimento | 19 indivíduos |
Siemens A60 e/ou Toques polifónicos | 15 indivíduos |
Bill Viola e/ou Five Angels e/ou for the Millenium | 11 indivíduos |
Triudus e/ou Centrino | 11 indivíduos |
Esterogramas | 9 indivíduos |
Danças Ocultas e/ou Gulbenkian | 6 indivíduos |
Ilharco | 5 indivíduos |
Ricardo Reis e/ou Segue o teu destino | 5 indivíduos |
Ofelia Montalban | 4 indivíduos |
Clip art | 4 indivíduos |
FlorGrela Consulting, SA |
---|
Experiência em Consultoria Política de elevado gabarito.
Especialização em Economia e Gestão. Doutoramento em Sociologia. Mestrado em Marketing e Estratégia. Quer soluções? Quer respostas? Quer ganhar eleições? Pergunte-me como. |
Professor Çakana Manguito num post perto de si* |
|
|