A cena passa-se em local não definido.
Zero-vírgula-zero-sete caminha pé ante pé, em silêncio. Os olhos bem abertos vão perscrutando o ambiente, procurando pequenos detalhes que indiciem a existência de algo ou alguém que não ele. O detector produz um som inconfundível. Ele está ali. Ele está ali, sem dúvida. É a hora da verdade. USA 0,07 passou anos da vida à espera deste momento, para provar a teoria ultra-secreta segundo a qual – bem
ainda é cedo para falarmos na tal teoria, uma vez que é ultra-secreta…O agente ultra-secreto começa com suores frios, sente o coração a pular loucamente e tenta suster a respiração que lhe parece produzir um som insuportável. Os seus ouvidos estalam de cada vez que os auscultadores lhe fazem ouvir os beep-beeps do sensor. A frequência dos beeps aumenta, o que quer dizer que se está a aproximar do alvo. Ainda não vê nada do que espera. Mais um passo e estará lá.
– AAAAHHHHHHHHHH!... - Grita 0,07.
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Que se passa? Estás bem? – Pergunta-lhe a estremunhada mulher ao ouvir o grito de 0,07.
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Estava a sonhar. Sonhava que lia um livro de um tipo chamado Robin Cooked e que eu era simultaneamente o protagonista da estória. Eu era um cientista à procura, não da minha alma gémea, mas do meu anti-eu. O cientista queria provar que todos temos um “anti-eu”, à semelhança do que acontece com as partículas e anti-partículas. E que, se se encontrassem, o eu e o anti-eu se aniquilariam transformando-se totalmente em energia. Assim, a organização secreta a que o cientista pertencia estava a reunir informação sócio-genética sobre a população mundial e a criar clones de anti-eus para depois aprisionar parte da humanidade de modo a obter uma fonte de energia brutal.
Estás a perceber? – Disse, por fim, zero-vírgula-zero-sete, virando-se para o outro lado.
Andas a trabalhar de mais, não é? – Concluiu a mulher de 0,07, franzindo o sobrolho.
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