Viciar os resultados

Não, não venho escrever sobre futebol. Infelizmente. Antes fosse. Venho escrever sobre democracia. Em particular, da periclitante democracia portuguesa. As "noticias" de hoje dão a entender que Mário Soares será candidato presidencial, "escolhido" por José Socrates para avançar (com o apoio do PS) às presidenciais de Janeiro de 2006. A ser verdade e a confirmar-se tal operação de marketing mal disfarçada de noticia, ela apenas vem confirmar a fragilidade da democracia portuguesa, que apesar de contar com 31 anos ainda revela muita imaturidade. Para já, acho estranho que Mário Soares não dê pela armadinha em que poderá cair: uma coisa é estar em forma aos oitenta e poucos anos; outra coisa é fazer campanha eleitoral aos oitenta e poucos anos. São coisas bem diferentes. Por outro lado, a defesa e promoção da democracia dá-se pela defesa e promoção da diversidade. A candidatura de Mario Soares (e já agora a hipotética candidatura de Cavaco Silva) não deverá trazer nada de novo. Será mais do mesmo. E provavelmente não teremos muito mais por onde escolher, uma vez que tais candidaturas (Soares e Cavaco) deverão congregar apoios e bipolarizar as presidenciais.

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Ao "escolher", ou melhor, ao pressionar Mário Soares a avançar, José Socrates acaba por viciar os resultados das eleições. Pois é, realmente os portugueses são livres de escolher, desde que escolham os mesmos. Os candidatos do sistema. Curiosamente, um outro possivel candidato de que se tem falado é um outro ex-candidato, Freitas do Amaral. Mais do mesmo. Não haverá mais ninguem? Alguem que traga realmente uma lufada de ar fresco, que promova a diversidade, que traga novas ideias? Que pobreza ...

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E nas próximas eleições presidenciais, quem será o candidato do PS: Soares ou Sampaio? Se amanhã alguém descobrir a fonte da eterna juventude, então arriscamos a ter daqui a alguns anos a sequência Sampaio-sucede-a-Soares-que-sucede-a-Sampaio-que-sucede-a-Soares-que-sucede-a-Sampaio- ......

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Com "escolhas" destas, apenas nos enganamos a nós próprios.

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Viva a democracia. Viva Portugal.