Greenspan
Finalmente foi reconhecido por Greespan que os mercados não se conseguem auto-regular. A grande chatice é que foi preciso dar cabo da economia mundial para que tal fosse reconhecido.
O antigo presidente da Reserva Federal norte-americana Alan Greenspan reconheceu ontem, numa audição no Congresso, que falhou na regulação do sistema financeiro. "Cometi um erro ao confiar que o livre mercado pode regular-se a si próprio sem a supervisão da administração", afirmou o homem que esteve 18 anos ao comando da Fed.
Alvo de críticas por parte de vários membros do comité que realiza audições sobre a situação dos mercados, Greenspan confessou-se chocado com a dimensão da crise financeira. "Há 40 anos ou mais que tinha uma evidência muito clara de que o mercado livre funcionava muito bem", reconheceu Greenspan. Admitiu, depois, o grave erro em que incorreu quando se opôs à regulação do mercado de derivados. "Presumi, erradamente, que o interesse próprio das organizações, nomeadamente dos bancos, era suficiente para que eles protegessem os seus accionistas."
Considerado por muitos como o "maestro infalível" do sistema financeiro, a voz que os mercados reverenciavam, Greenspan surgiu no Congresso com uma atitude de perfeita resignação e de distanciamento em relação às políticas que defendeu ao longo de quatro décadas. E foi confrontado com duras críticas. Por exemplo, do democrata que lidera a comissão de supervisão do Congresso. "O senhor teve a autoridade para prevenir as irresponsáveis práticas de empréstimo que conduziram ao subprime. Foi avisado para fazer alguma coisa. Agora, toda a economia está a pagar o preço", afirmou Henry Waxman.
Greenspan não evitou a questão. E reconheceu que deveria ter avançado com a regulação dos mercados onde se transaccionavam os chamados produtos tóxicos que estão na origem da actual crise - a mistura explosiva de hipotecas com títulos de dívida que eram depois vendidos a outros investidores.
O antigo presidente da Fed aproveitou a audição para dar uma visão pessoal do que será o cenário macro-económico no fututo próximo: mais desemprego, menos consumo das famílias. Greenspan diz que é necessário que o preço das casas estabilize para que se ponha termo à crise.
E o mais triste é que segundo ensina a história, isto provavelmente não servirá para muito e voltará a acontecer algo parecido daqui a umas décadas. Isto assumindo que a gente sai desta com vida, é que as bolsas estão a cair a pique dia após dia.
Tenho até pena do Greenspan, porque vai ser enxovalhado como sendo o responsável pela crise. Ele tem a sua parte de responsabilidades ao não implementar uma regulação mais forte dos mercados, mas na realidade quem causou os problemas foram outros. Dizer que ele é o único culpado é o mesmo que dizer que a polícia é responsável pelos crimes que acontecem.
A notícia do Público:
24.10.2008 - 10h08
Por José Manuel Rocha
Kevin Lamarque/Reuters (arquivo) |
Alan Greenspan mostra-se chocado com a dimensão da crise financeira |
Alvo de críticas por parte de vários membros do comité que realiza audições sobre a situação dos mercados, Greenspan confessou-se chocado com a dimensão da crise financeira. "Há 40 anos ou mais que tinha uma evidência muito clara de que o mercado livre funcionava muito bem", reconheceu Greenspan. Admitiu, depois, o grave erro em que incorreu quando se opôs à regulação do mercado de derivados. "Presumi, erradamente, que o interesse próprio das organizações, nomeadamente dos bancos, era suficiente para que eles protegessem os seus accionistas."
Considerado por muitos como o "maestro infalível" do sistema financeiro, a voz que os mercados reverenciavam, Greenspan surgiu no Congresso com uma atitude de perfeita resignação e de distanciamento em relação às políticas que defendeu ao longo de quatro décadas. E foi confrontado com duras críticas. Por exemplo, do democrata que lidera a comissão de supervisão do Congresso. "O senhor teve a autoridade para prevenir as irresponsáveis práticas de empréstimo que conduziram ao subprime. Foi avisado para fazer alguma coisa. Agora, toda a economia está a pagar o preço", afirmou Henry Waxman.
Greenspan não evitou a questão. E reconheceu que deveria ter avançado com a regulação dos mercados onde se transaccionavam os chamados produtos tóxicos que estão na origem da actual crise - a mistura explosiva de hipotecas com títulos de dívida que eram depois vendidos a outros investidores.
O antigo presidente da Fed aproveitou a audição para dar uma visão pessoal do que será o cenário macro-económico no fututo próximo: mais desemprego, menos consumo das famílias. Greenspan diz que é necessário que o preço das casas estabilize para que se ponha termo à crise.
1 Comments:
Fascinante. Um momento histOrico. Ao contrario de muitos, o Alan Greenspan nao procurou passar a culpa para cima de outros, nem tentou safar-se com fancy retorics. Ele teve a humildade, a coragem e dignidade de admitir que nao sabe tudo, que estava errado, que as suas ideias sobre o funcionamento dos mercados livres tEm uma "flaw". Um Mister!!!
.
Com o meu novo vicio, assisti a um pouco da audicao. Foi surreal ver um dos "auditores" (um republicano por sinal) tentar passar a ideia que o culpado desta crise toda E ... imagine-se ... Barack Obama!! Na mesma linha, o Karl Rove (provavelmente o mais bandido da Mafia que domina o partido republicano e a casa branca ha anos) veio afirmar (no seu papel de comentador na Fox) que toda esta volatilidade nos mercados E culpa do Obama. DELIRIO!!!!!!!
Enviar um comentário
<< Home