Pinheiro manso e nostalgia
Foi-se o pinheiro (manso) da minha infância - soube ontem.
Os meus Pais deram-me a notícia animados. Não me foi pedida a opinião e, mesmo que fosse, provavelmente nada mudaria. Havia, de facto, muitas razões para cortar o pinheiro... estava demasiado perto da casa, já estava demasiado alto, deitava muita caruma - sobretudo para cima do tenhado -, as raízes estavam a dar cabo de outras plantas, etc..
Enfim, tudo isto é verdade, mas para mim o pinheiro só me traz boas recordações e estou triste por saber que desapareceu.
Passei horas a gozar o pinheiro da casa de fim-de-semana e férias dos meus Avós (e minha, na altura!)... a brincar junto ao pinheiro, a andar de bicicleta à volta dele, a subir ao pinheiro (bem, na realidade, eu não conseguia subir até lá acima - só até metade -, mas fascinava-me ver os meus primos mais velhos a subirem até ao topo), e ainda a partir (e a comer) pinhões, a andar de baloiço...
Andei horas de baloiço, sozinha ou com os meus primos. Ora no baloiço azul bébé, que era direito, ora no vermelho, que era redondo, o que nos permitia ficarmos tontos de tanto andar à volta. Também houve uma altura em que foi colocada uma escada de corda no pinheiro (uma escada feita por um tio meu), que nós subíamos e descíamos frequentemente durante as nossas brincadeiras.
Creio, também, que o primeiro dinheiro que ganhei fico a dever ao pinheiro e aos seus pinhões... Nas férias do Verão, os meus primos e eu partíamos os pinhões e vendíamos frasquinhos aos meus Tios, Pais ou Avós. Mais tarde comíamos os bolos com os pinhões que partíamos, o que era sempre divertido.
Para além disso, acho que o pinheiro ainda era novo demais para ser abatido. Tinha menos de 50 anos...
Mas agora já está... e não há UNDO.
Que dirão o casal de pica-paus que gostavam de o visitar?
Por ironia, ontem à noite (poucas horas depois desta notícia) estive a tratar de outro pinheiro, o de Natal, o que me deixou um tanto nostálgica. A casa dos meus Avós já não tem Avós... e também já não tem Pinheiro. E eu tenho saudades. Saudades de ver o meu Avô a varrer a caruma do Pinheiro, pela manhã, e ao final do dia, se preciso fosse. Saudades de ver a minha Avó sentada à sombra do Pinheiro a fazer crochet ou a arranjar um vaso com flores. Saudades das férias de Natal, em que passava horas a fazer um puzzle (de mais de 50o peças) e em que de vez em quando olhava para as pinhas e troncos deste Pinheiro a arder na lareira.
O Pinheiro foi abatido a 22 de Novembro de 2008 - ainda não vi, mas também não estou com muita vontade - e, por ora há muita lenha... mas até quando? Dois anos? Três?
UNDO, UNDO, onde está a tecla do UNDO?
FlorGrela-Nostálgica
Os meus Pais deram-me a notícia animados. Não me foi pedida a opinião e, mesmo que fosse, provavelmente nada mudaria. Havia, de facto, muitas razões para cortar o pinheiro... estava demasiado perto da casa, já estava demasiado alto, deitava muita caruma - sobretudo para cima do tenhado -, as raízes estavam a dar cabo de outras plantas, etc..
Enfim, tudo isto é verdade, mas para mim o pinheiro só me traz boas recordações e estou triste por saber que desapareceu.
Passei horas a gozar o pinheiro da casa de fim-de-semana e férias dos meus Avós (e minha, na altura!)... a brincar junto ao pinheiro, a andar de bicicleta à volta dele, a subir ao pinheiro (bem, na realidade, eu não conseguia subir até lá acima - só até metade -, mas fascinava-me ver os meus primos mais velhos a subirem até ao topo), e ainda a partir (e a comer) pinhões, a andar de baloiço...
Andei horas de baloiço, sozinha ou com os meus primos. Ora no baloiço azul bébé, que era direito, ora no vermelho, que era redondo, o que nos permitia ficarmos tontos de tanto andar à volta. Também houve uma altura em que foi colocada uma escada de corda no pinheiro (uma escada feita por um tio meu), que nós subíamos e descíamos frequentemente durante as nossas brincadeiras.
Creio, também, que o primeiro dinheiro que ganhei fico a dever ao pinheiro e aos seus pinhões... Nas férias do Verão, os meus primos e eu partíamos os pinhões e vendíamos frasquinhos aos meus Tios, Pais ou Avós. Mais tarde comíamos os bolos com os pinhões que partíamos, o que era sempre divertido.
Para além disso, acho que o pinheiro ainda era novo demais para ser abatido. Tinha menos de 50 anos...
Mas agora já está... e não há UNDO.
Que dirão o casal de pica-paus que gostavam de o visitar?
Por ironia, ontem à noite (poucas horas depois desta notícia) estive a tratar de outro pinheiro, o de Natal, o que me deixou um tanto nostálgica. A casa dos meus Avós já não tem Avós... e também já não tem Pinheiro. E eu tenho saudades. Saudades de ver o meu Avô a varrer a caruma do Pinheiro, pela manhã, e ao final do dia, se preciso fosse. Saudades de ver a minha Avó sentada à sombra do Pinheiro a fazer crochet ou a arranjar um vaso com flores. Saudades das férias de Natal, em que passava horas a fazer um puzzle (de mais de 50o peças) e em que de vez em quando olhava para as pinhas e troncos deste Pinheiro a arder na lareira.
O Pinheiro foi abatido a 22 de Novembro de 2008 - ainda não vi, mas também não estou com muita vontade - e, por ora há muita lenha... mas até quando? Dois anos? Três?
UNDO, UNDO, onde está a tecla do UNDO?
FlorGrela-Nostálgica
Etiquetas: Histórias Pessoais
7 Comments:
ashes to ashes
dust to dust
(literalmente)
We know Major Tom´s a junkie...
Tão por acaso lembrei-me duma espreitadela ao teu espaço em q jovens high-tech ‘opinam’ (às vezes o meu olhinho voyeur tem destas) e fico tão surpresa: o pinheiro, o espaço, o meu Tio Zé, a minha Tia Tuja nas tuas saudades de menina já grande… oh xarinha (como dizia o Marcos pequenino para ti, pouco maior, parada e atenta ao que ele queria) que bom saber das tuas memórias… Olha, o pinheiro vai estar sp a largar caruma no crochet da tua avó, com ela a sacudi-lo e a rir-se ‘Que maçada…’
beijinho…
nut, ainda bem que por aqui apareceste... estou a imaginar a tua surpresa, por conheceres tão bem o cenário descrito, as personagens envolvidas, e a estória que, embora sobre um passado que se pode dizer já um pouco distante, está muito presente.
1bjiko
:-)
p.s. - E já sabes, quando/se alguma vez quiseres fazer parte de um blogue de personagens reais é só dizer.
Eu sou uma personagem Real! Real! Como em realeza!
.
Sao muitas memorias bonitas ... o pinheiro parece que ainda vive. :-)
Queria escrever "personagens reais e imaginárias", mas as imaginárias ficaram... no outro eixo... no da minha imaginação.
;-)
Seja pinheiro manso, pinheiro bravo, cedro, castanheiro, acácia... quando ando pelas serras da Madeira, só vejo pinheiros!
Ainda bem que conto com as correcções da minha mãezinha!
Filha, é um castanheiro!... é um cedro!... é uma urze!... é um galho de carqueja!
;-)
Ai as saudades que eu tenho dos meus passeios pelas serras da Madeira!
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