01 dezembro 2008

Pinheiro manso e nostalgia

Foi-se o pinheiro (manso) da minha infância - soube ontem.
Os meus Pais deram-me a notícia animados. Não me foi pedida a opinião e, mesmo que fosse, provavelmente nada mudaria. Havia, de facto, muitas razões para cortar o pinheiro... estava demasiado perto da casa, já estava demasiado alto, deitava muita caruma - sobretudo para cima do tenhado -, as raízes estavam a dar cabo de outras plantas, etc..
Enfim, tudo isto é verdade, mas para mim o pinheiro só me traz boas recordações e estou triste por saber que desapareceu.
Passei horas a gozar o pinheiro da casa de fim-de-semana e férias dos meus Avós (e minha, na altura!)... a brincar junto ao pinheiro, a andar de bicicleta à volta dele, a subir ao pinheiro (bem, na realidade, eu não conseguia subir até lá acima - só até metade -, mas fascinava-me ver os meus primos mais velhos a subirem até ao topo), e ainda a partir (e a comer) pinhões, a andar de baloiço...
Andei horas de baloiço, sozinha ou com os meus primos. Ora no baloiço azul bébé, que era direito, ora no vermelho, que era redondo, o que nos permitia ficarmos tontos de tanto andar à volta. Também houve uma altura em que foi colocada uma escada de corda no pinheiro (uma escada feita por um tio meu), que nós subíamos e descíamos frequentemente durante as nossas brincadeiras.
Creio, também, que o primeiro dinheiro que ganhei fico a dever ao pinheiro e aos seus pinhões... Nas férias do Verão, os meus primos e eu partíamos os pinhões e vendíamos frasquinhos aos meus Tios, Pais ou Avós. Mais tarde comíamos os bolos com os pinhões que partíamos, o que era sempre divertido.
Para além disso, acho que o pinheiro ainda era novo demais para ser abatido. Tinha menos de 50 anos...
Mas agora já está... e não há UNDO.
Que dirão o casal de pica-paus que gostavam de o visitar?

Por ironia, ontem à noite (poucas horas depois desta notícia) estive a tratar de outro pinheiro, o de Natal, o que me deixou um tanto nostálgica. A casa dos meus Avós já não tem Avós... e também já não tem Pinheiro. E eu tenho saudades. Saudades de ver o meu Avô a varrer a caruma do Pinheiro, pela manhã, e ao final do dia, se preciso fosse. Saudades de ver a minha Avó sentada à sombra do Pinheiro a fazer crochet ou a arranjar um vaso com flores. Saudades das férias de Natal, em que passava horas a fazer um puzzle (de mais de 50o peças) e em que de vez em quando olhava para as pinhas e troncos deste Pinheiro a arder na lareira.
O Pinheiro foi abatido a 22 de Novembro de 2008 - ainda não vi, mas também não estou com muita vontade - e, por ora há muita lenha... mas até quando? Dois anos? Três?

UNDO, UNDO, onde está a tecla do UNDO?

FlorGrela-Nostálgica

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7 Comments:

Blogger FlorGrela Estampa said...

ashes to ashes
dust to dust

(literalmente)

12:36 da manhã  
Blogger AD said...

We know Major Tom´s a junkie...

11:47 da manhã  
Blogger Nut said...

Tão por acaso lembrei-me duma espreitadela ao teu espaço em q jovens high-tech ‘opinam’ (às vezes o meu olhinho voyeur tem destas) e fico tão surpresa: o pinheiro, o espaço, o meu Tio Zé, a minha Tia Tuja nas tuas saudades de menina já grande… oh xarinha (como dizia o Marcos pequenino para ti, pouco maior, parada e atenta ao que ele queria) que bom saber das tuas memórias… Olha, o pinheiro vai estar sp a largar caruma no crochet da tua avó, com ela a sacudi-lo e a rir-se ‘Que maçada…’
beijinho…

12:51 da manhã  
Blogger FlorGrela Estampa said...

nut, ainda bem que por aqui apareceste... estou a imaginar a tua surpresa, por conheceres tão bem o cenário descrito, as personagens envolvidas, e a estória que, embora sobre um passado que se pode dizer já um pouco distante, está muito presente.

1bjiko
:-)

p.s. - E já sabes, quando/se alguma vez quiseres fazer parte de um blogue de personagens reais é só dizer.

6:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu sou uma personagem Real! Real! Como em realeza!
.
Sao muitas memorias bonitas ... o pinheiro parece que ainda vive. :-)

7:49 da tarde  
Blogger FlorGrela Estampa said...

Queria escrever "personagens reais e imaginárias", mas as imaginárias ficaram... no outro eixo... no da minha imaginação.
;-)

11:00 da tarde  
Blogger Mother Goose said...

Seja pinheiro manso, pinheiro bravo, cedro, castanheiro, acácia... quando ando pelas serras da Madeira, só vejo pinheiros!
Ainda bem que conto com as correcções da minha mãezinha!
Filha, é um castanheiro!... é um cedro!... é uma urze!... é um galho de carqueja!
;-)

Ai as saudades que eu tenho dos meus passeios pelas serras da Madeira!

3:09 da tarde  

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