Espectáculos em Outubro - Doclisboa 2007
Mudança de casa feita, é hora de se aproveitar vivermos em Lisboa...
Assim, temos sido uma visita assídua do doclisboa 2007.
Desde sábado passado já vimos cinco documentários:
1) "Santiago", de João Moreira Sales (Brasil) [Um documentário 5 estrelas!]
"Santiago" é um filme sem igual. Poderia ser um documentário sobre um filme falhado. Santiago era o mordomo argentino da luxuosa mansão onde o realizador cresceu no Rio de Janeiro. Em 1992, João Moreira Salles tentou fazer um primeiro filme sobre Santiago, mas não conseguiu. A sua relação com o antigo mordomo ainda estava presa ao passado e, durante toda a rodagem, Salles não parou de dar ordens e instruções a Santiago sobre como ele deveria comportar-se em frente da câmara. Anos depois, Salles regressa ao material rodado e tenta fazer um filme sobre a identidade, a memória e a própria natureza do documentário. Mas acaba também por construir uma homenagem (em forma de penitência) ao falecido mordono, figura tutelar da sua infância, transformando a obra no mais curioso dos auto-retratos.
2) "In the House of Angels", de Margreth Olin (Noruega) [Muito bom]
"In the House of Angels" retrata de forma respeitadora e muito sensível a vida quotidiana num lar para a terceira idade na Noruega. É um local que oferece aparentemente condições excelentes, mas onde as pessoas sabem que esperam apenas a morte. As personagens aproximam-se da câmara e, uma vez sozinhas com a equipa de filmagem, usam-na como uma amiga a quem podem confessar-se, exprimir o seu desespero ou simplesmente as suas opiniões. Também é um filme provocador que confronta o público com a sua atitude em relação não apenas à velhice, mas também ao seu próprio humanismo.
3) "The first day", de Marcin Sauter (Polónia) [Bom]
"The First Day" é uma história sobre um dos momentos mais importantes na vida de qualquer pessoa, o primeiro dia de aulas. Neste caso trata-se de um internato onde um conjunto de crianças da tundra, habitadas a viver em tendas, entre animais e pescarias, descobrem que fazem parte de uma outra grande nação, multinacional, a Rússia, que tem um hino que aprendem a cantar e um grande presidente, Putin.
4) "Kamp Katrina", de David Redmon e Ashley Sabin (EUA) [Bastante bom]
Após a destruição da Nova Orleães pelo furacão, um grupo de habitantes desalojados é acolhido por Pearl e pelo marido, que transformam a sua residência numa nova comunidade idealista: "Kamp Katrina". Mas, à medida que o tempo passa, os sonhos são confrontados com a realidade. Todos os dias surgem novos desafios à coesão do grupo, que mostra o melhor e o pior da natureza humana.
5) "Ironeaters", de Shaheen Dill-Riaz's (Alemanha) [Interessante]
Durante a sua infância, o local de brincadeiras preferido do realizador era a praia de areia branca de Chittagong, no Bangladesh. Hoje, a mesma praia é um gigantesco cemitério de navios onde trabalham milhares de pessoas, incluindo alguns dos seus amigos de infância, usando ferramentas improvisadas para retirar dos velhos cascos todos os materiais que ainda possam ter algum valor. A imagem poderosa que nos fica após a visão deste filme é quase infernal, a de centenas de homens-formigas a devorarem gigantescos barcos petroleiros cheios de ferrugem.
Ficaram por ver "Jesus Camp", "My Country, my country", "Sicko" e "In the North", por se encontrarem esgotados!!!
FlorGrela Estampa
Assim, temos sido uma visita assídua do doclisboa 2007.
Desde sábado passado já vimos cinco documentários:
1) "Santiago", de João Moreira Sales (Brasil) [Um documentário 5 estrelas!]
"Santiago" é um filme sem igual. Poderia ser um documentário sobre um filme falhado. Santiago era o mordomo argentino da luxuosa mansão onde o realizador cresceu no Rio de Janeiro. Em 1992, João Moreira Salles tentou fazer um primeiro filme sobre Santiago, mas não conseguiu. A sua relação com o antigo mordomo ainda estava presa ao passado e, durante toda a rodagem, Salles não parou de dar ordens e instruções a Santiago sobre como ele deveria comportar-se em frente da câmara. Anos depois, Salles regressa ao material rodado e tenta fazer um filme sobre a identidade, a memória e a própria natureza do documentário. Mas acaba também por construir uma homenagem (em forma de penitência) ao falecido mordono, figura tutelar da sua infância, transformando a obra no mais curioso dos auto-retratos.
2) "In the House of Angels", de Margreth Olin (Noruega) [Muito bom]
"In the House of Angels" retrata de forma respeitadora e muito sensível a vida quotidiana num lar para a terceira idade na Noruega. É um local que oferece aparentemente condições excelentes, mas onde as pessoas sabem que esperam apenas a morte. As personagens aproximam-se da câmara e, uma vez sozinhas com a equipa de filmagem, usam-na como uma amiga a quem podem confessar-se, exprimir o seu desespero ou simplesmente as suas opiniões. Também é um filme provocador que confronta o público com a sua atitude em relação não apenas à velhice, mas também ao seu próprio humanismo.
3) "The first day", de Marcin Sauter (Polónia) [Bom]
"The First Day" é uma história sobre um dos momentos mais importantes na vida de qualquer pessoa, o primeiro dia de aulas. Neste caso trata-se de um internato onde um conjunto de crianças da tundra, habitadas a viver em tendas, entre animais e pescarias, descobrem que fazem parte de uma outra grande nação, multinacional, a Rússia, que tem um hino que aprendem a cantar e um grande presidente, Putin.
4) "Kamp Katrina", de David Redmon e Ashley Sabin (EUA) [Bastante bom]
Após a destruição da Nova Orleães pelo furacão, um grupo de habitantes desalojados é acolhido por Pearl e pelo marido, que transformam a sua residência numa nova comunidade idealista: "Kamp Katrina". Mas, à medida que o tempo passa, os sonhos são confrontados com a realidade. Todos os dias surgem novos desafios à coesão do grupo, que mostra o melhor e o pior da natureza humana.
5) "Ironeaters", de Shaheen Dill-Riaz's (Alemanha) [Interessante]
Durante a sua infância, o local de brincadeiras preferido do realizador era a praia de areia branca de Chittagong, no Bangladesh. Hoje, a mesma praia é um gigantesco cemitério de navios onde trabalham milhares de pessoas, incluindo alguns dos seus amigos de infância, usando ferramentas improvisadas para retirar dos velhos cascos todos os materiais que ainda possam ter algum valor. A imagem poderosa que nos fica após a visão deste filme é quase infernal, a de centenas de homens-formigas a devorarem gigantescos barcos petroleiros cheios de ferrugem.
Ficaram por ver "Jesus Camp", "My Country, my country", "Sicko" e "In the North", por se encontrarem esgotados!!!
FlorGrela Estampa
Etiquetas: Arte, Espectáculos, Histórias Pessoais
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